Fui pra praia com o pessoal do pensionato semana passada. Vi paisagens como eu não via há mais de uma década.
É engraçado como ver e ouvir algo destruidoramente belo dá uma sensação de ter adquirido algo (tipo, não COMPRADO né, entenderam né).
Seguindo as trilhas no meio das pedras, as vezes, o som, o vento e o mar te obrigam a parar, como se dissessem:
"Tem algo mais importante em mim que em qualquer coisa que você já viu ou ouviu na sua vida."
E você, curioso, para, atento, e pensa, buscando dentro do que vê, ouve e sente, mesclado com o que há dentro de você, essa tal importância secreta.
Você vê um barquinho de pescadores longe no mar e um senhor com uma vara de pescar na beira das pedras, e eles parecem saber muito mais sobre o que o mar te disse do que você.
Existe uma vida alí. Existe uma sabedoria e uma beleza que nunca serão suas, e isso te deixa triste. Até que, cansado, você afasta o olhar.
O mar perde sua influência e você vai embora, satisfeito em saber que tudo isso existe, e com a sensação de agora carregar algo disso consigo.
